sábado, 19 de setembro de 2009

Resenha: Che - Part One

Bem, fazia tempo que não fazia resenhas de filmes aqui no blog, como estou retomando ele aos poucos vou comentar dois filmes que assiti em DVD. O primeiro é Che - Part One. O filme dividido em duas partes conta a vida de Ernesto "Che" Guevara, o revolucionário e ser que virou um mito. Quando falamos de Cuba é impossível não lembrar de Guevara, Fidel e o Movimento 26 de Julho e essa primeira parte é sobre o início da revolução de como ela se organizou até o momento em que vai a Havana.

O filme, mais do que um simples relato sobre a história deste ícone da política mundial, parece em certos pontos um documentário da realidade. O diretor Steven Soderbergh deu uma linha interessante, mesclando imagens preto e branco, de quando o movimento estava no poder e momentos uma câmera ágil nos momentos em que reconta os passos de Guevara. O diretor merecia um Oscar, mas sabemos que a academia nunca daria tal benefício a um filme falando de um socialista. Posso estar enaganado, mas o filme pode ganhar esse prêmio com a segunda parte, que chega aos cinemas brasileiros essa semana. Mais ou menos como Senhor dos Anéis que só ganhou o prêmio de melhor filme com sua terceira parte.

O grande acerto do filme, ser em espanhol, as partes em inglês ficam pro tradutor e pra repórter que em algumas partes entrevista Guevara. Diferente do filme Amor em Tempo de Cólera, onde os atores são todos latino-americanos e a única que se ouve é um inglês com sotaque, Che opta pelo espanhol, com sua forma mais coloquial. Os atores também são todos de origem latino-americana e são a peça chave desse filme.

Ao falar dos atores não podemos deixar de mencionar Rodrigo Santoro, ator brasileiro que interpreta Raul Castro, irmão de Fidel, interpretado por Damián Bichir. Seu nome figura em letras grandes juntamente de Benício Del Toro, que interpreta o próprio Che. Rodrigo está competente no papel de Raul, ele teve em sua carreira diversos filmes, mas em Che ele se destaca com qualidade, dando carismo ao próprio Raul.

Damián, como Fidel mostra toda a inteligência do homem que chegou ao poder de Cuba e enfrentou os E.U.A durante a década de 1950. Ele não mostra o lado impositivo de Fidel, mas sim, o lado inteligente do homem que comandou o país durante 40 anos. Vemos um Fidel culto, perspicaz e estrategista. O que me incomodou foi a voz de Damián, que não parecia algo imponente, mas não era ele que tinha que se impôr no filme e sim Benício Del Toro.

O ator, já consagrado por filmes como 21 Gramas e Traffic, incorpora Ernesto Guevara com todas as qualidades. Você não via o ator ali, você via Che, o médico, o intelectual, o guerrilheiro. Não é a toa que lhe valeu o Prêmio de Melhor Ator no Festival de Cannes. Del Toro mostrava o lado político de Che ao falar em conferências da ONU e o guerrilheiro que em meio a selva tinha que se esconder das tropas ditatoriais e ao mesmo tempo segurar suas crises de asma. Detalhe muito importante mostrado no filme, Che era asmáticos e por diversas vezes tinha que fazer tratamentos caseiros para as crises.

O roteiro esta excelente, mesclando diversos períodos, como a entrevista, os discursos e debates na ONU, mas o principal foco ainda era a guerrilha. Em meio a isso, vemos um Che que não tinha medo de matar quem corrompesse o movimento e a Revolução. Quem roubava, matava ou estuprava os camponeses e era pego, era morto, assassinatos que pareciam frios, mas que serviam pra manter a ordem. Agora é aguardar a segunda parte do filme que passou batido pelos cinemas. Em Caxias do Sul, ficou só uma semana em cartaz.
Che vale a pena não apenas pela história do mito, mas sim pela história de um povo, que queria ser livre das garras americanas e que mostrou que com força, união e coragem isso era possível.

Che
(Che: Part One)
ano de lançamento ( França Espanha EUA ) : 2008
Direção: Steven Soderbergh
Atores: Benicio del Toro, Demián Bichir, Julia Ormond, Rodrigo Santoro, Maria Isabel Díaz
Duração: 02h06min

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